estudos para projeto escolar
Um outro olhar para a prática do projeto escolar
Para Manoel de Barros: ‘A importância de uma coisa não se mede com fita métrica, há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós’.
Nessa chave a produção de um espaço educativo, não deve ser compartimentado numa razão funcionalista para apenas cumprir um programa. A crítica aos espaços escolares tradicionais se relaciona com a criação de arquiteturas que controlam e sujeitam o corpo, distribuem espaços e recortam tempos na lógica do capital. Historicamente os espaços livres vem se tornando menores em função daqueles construídos. Corredores, filas, janelas altas, distribuição uniforme de mesas são exemplos de organizações que evidenciam o controle da mente sob o corpo.
Incluído nas referências de projeto estão exemplos de pré-escolas que desenvolvem todo o seu cotidiano em florestas nos arredores das cidades, essa possibilidade indica para os projetistas que existe educação sem arquitetura. Qualquer ambiente que dialogue com a escala e sensibilidade da criança tem potencial de ser um espaço educativo. Na primeira etapa da infância, o brincar é a forma mais completa de interação consigo, com o meio e com o outro. Em escolas urbanas esse espaço livre toma forma no pátio, e quando este deixa de ser visto como o ‘negativo’ do espaço construído ele se transforma num microcosmos do mundo. O espaço livre assume um papel central no desenho de espaço proposto pelo projeto, todas as outras coisas se desenvolvem ao redor e nutrem a vida desse interior.
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‘O pátio escolar de recreio é um cenário complexo, analisando formalmente com pretensões investigativas se assemelha a mirar um caleidoscópio, qualquer rotação mostra um objeto diferente, e o que até esse momento se acreditava configurado se transforma e desaparece’​ Víctor Pavía, El Patio Escolar: El Juego en la Libertad Vigilada